A questão da água e do seu
domínio é das mais complexos e interessantes para estas comunidades de
montanha. Sendo esta questão vital nos vários aspetos da rega e da energia
hidráulica, determinou em grande parte a viabilidade e a forma dos
assentamentos agro-pastoris. Essas comunidades despendiam esforço e trabalho em
tarefas comunitárias de conservação e manutenção dessas infra estruturas
hidráulicas, muitas vezes, de grande dimensão e complexidade. Estas estruturas
vitais de condução das águas para rega, tanto podiam beber de águas de
nascentes das serranias mais altas, como resultar de desvios feitos em cursos
de água através de açudes, sendo depois a água distribuída por regos ou levadas
normalmente composta por troços em que se aproveitam as linhas de água naturais
combinadas com caleiros ou regadeiras artificiais. A água tanto podia ser
aproveitada no inverno, com rega de lima, evitando os estragos causados pelas
fortes geadas e baixas temperaturas nos lameiros onde se cultivavam as ervas
para fenar, como entre o S. João e o São Miguel na rega dos campos de milho, ou
para fazer mover moinhos, azenhas ou engenhos.